domingo, 17 de março de 2013

O caos da minha vida pós Isadora

Minha filha nasceu, gente! Linda, loira, olho azul e cheirinho doce. Ainda tô treinando pra escrever o relato de parto, mas hoje vim falar sobre como me sinto agora, oficialmente mãe.
Queria fugir do senso comum ao falar sobre isso, mas é meio impossível. No dia que ela nasceu, não brotou em mim o amor de mãe. Não chorei de emoção. Na verdade tive a sensação de "Saiu. Pronto! Vamos ver como funciona agora... Cadê o manual?"
Ela super calma, achei que ia tirar de letra. Ledo engano. Os primeiros sete dias foram os piores da minha vida. Somando ao fato de parecer que eu tinha sido atropelada por um rinoceronte de uma tonelada, minha apojadura (google it!) foi muito dificil e sinto dor na cicatriz da cesarea até hoje, imaginem nos primeiros dias.
Eu não queria ficar na minha mãe, sai do hospital e vim direto pra casa. Mas pedi pra sair, ou melhor, pedi pro marido pra irmos pra casa dela uns dois dias depois. Mãe bundona que sou, claro que não aguentei a pressão.
Na casa da mamuska, tudo às mil maravilhas. Ela levava a baby pra dormir com ela pra eu poder descançar, eu fazia todas as refeições tranquilamente, tava produzindo leite. Tava no paraíso! Aí começou o inferninho.
Primeiro Maridon começou a se sentir excluído de todo processo e ficou com ciúmes, já que minha mãe tomava a frente de tudo (eu tava adorando, mãe! Ele que é chato.). Aí um tio meu morreu e ficou o maior climão
No sétimo dia, fui dar banho de tummy baby e afoguei a coitadinha. Ele ficou um tempinho sem ar e quando voltou, senti uma fisgada na lombar, no mesmo lugar que levei a anestesia. Amoleceu as pernas e tive que ser acudida. Nunca senti tanto medo na minha vida, achei que ela fosse morrer. E até hoje quando lembro daquele dia me dá uns três tipos de culpas diferentes.
Nesse mesmo dia do banho, um pouco mais cedo eu tinha consulta no banco de leite por conta de uma fissura e já tinha reparado que Isadora tava meio amarelinha. A enfermeira me orientou a levar pro médico avaliar. Era no mesmo lugar, levei na mesma hora. Ele confirmou que ela tava muito amarela e solicitou exame de bilirrubina. Chorei mais do que ela quando coletaram o sangue e fomos pra casa esperar o resultado. Quando saiu, Marido ligou pro médico perguntando o que a gente faria, no que ele pediu pra gente levar ela imediatamente pra internar pois tinha dado muito alterado. Foram três dias de banho de luz, de muitas lágrimas (minhas) e sensação e morte eminente.
Com todas essas situações, adivinhem o que aconteceu? Minhas tetas secaram, óbvio. Além de tudo isso, eu me cobrava o tempo todo pra amamentar, tinha medo de não conseguir manter ela só com NAN, pensava no financeiro, me sentia o fracasso em pessoa. Tomei tudo que me falaram. E necas de leitinho pra quiança. E eu me estressava mais, e não tinha leite, e eu me estressava mais, e assim sucessivamente. Até que ela começou a emagrecer demais e eu me rendi a mamadeira.
Hoje, 41 dias depois, fui tomada completamente por esse amor avassalador de mãe. Não sei bem quando ele chegou, mas sei que não consigo mais imaginar minha vida sem ela e também nem lembro mais direito como era antes. Não há o que pague todas as sensações que a gente sente, até as ruins; tudo que se sente é como muito mais intensidade. E sentir o amor das pessoas com a minha filha é a melhor coisa do mundo também.
Meu casamento mudou da água pro vinho, ficou muito melhor. Como eu poderia imaginar que é possível se apaixonar de novo pelo mesmo homem várias vezes? Cada fralda que ele troca, cada vez que ele tá com ela no colo, o zelo e babação dele.... Esses gestos me fazem ama-lo mto mais a cada dia.
Ter um bebê dá mto trabalho, é cansativo, é estressante e assustador. Mas vale a pena. Hoje eu passo por cima de qualquer coisa por ela. Ela me transforma, me modifica pra um ser humano muito melhor. Me faz repensar todas as minhas atitudes, me faz pensar em todas as consequencias antes de qualquer coisa. Eu fico olhando-a dormir e parece que meu coração vai sair pra fora do corpo. Não tem nada, nada, nada nessa vida mais perfeito e maravilhoso do que o sentimento de ver aquela coisinha e pensar "Fui eu que fiz e agora ela depende inteiramente de mim."
Acho que eu nunca mais vou ser pontual. Não dá mais pra simplesmente tomar um banho e sair. Tem que arrumar o baby, esperar Marido se arrumar, passar o pacotinho pra ele, aí sim eu vou me arrumar. Aí tem que ajeitar a mala do rebento... Nesse meio tempo ela chora e eu tenho que parar tudo pra acudir. Isso quando não levo um vomitão na roupa.
Minha casa vai tá uma bagunça total. Mas quer saber? Dane-se! As tarefas domésticas podem esperar. O mundo pode esperar. Deixo tudo esperar. E esse texto vai esperar também. Vai ficar assim, meio que inacabado. Porque agora vou lamber minha cria. Já faz tempo que não pego ela no colo.

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